Como Tudo Começou

João Marcos e Eveline
Estávamos preparando um musical infantil para ser apresentado em nossa igreja, quando surgiu em mim e em Eveline o desejo de criar um musical inteiramente novo. Narrativas, tramas, músicas, ..., tudo novo. Eveline resolveu usar como trama para as narrativas suas próprias experiências da infância, adaptadas para o contexto da história que iríamos contar. Fez um catálogo das experiências mais pitorescas e as ia encaixando, à medida que representassem bem o conflito, seguido de lição moral, ou espiritual, apropriada à narrativa. O tema escolhido foi a História da Criação do Mundo.  Para cada dia da criação faríamos um capítulo, contendo uma música própria. Chegamos a questionar a necessidade de fazermos um capítulo para cada dia da criação, pensando que poderia ter pouco conteúdo a ser apresentado. Contudo, à medida que começamos a criar, os conteúdos iam fluindo abundantemente. Ao contrário do que pensamos, tivemos que cortar muitas das idéias que tivemos, para enxugar a história. Enquanto Eveline compunha a narrativa e os diálogos, eu fazia as músicas. Qual não foi a nossa surpresa ao descobrirmos significados que nunca havíamos pensado para cada elemento criado por Deus. Tudo contendo uma riqueza surpreendente e fascinante.
Os personagens principais são caricaturas da própria Eveline, seu primo Lizardo e meu irmão Eliseu. Pegamos as características mais marcantes de cada um deles e amplificamos de forma cômica: Caroca, menina espevitada, curiosa, competitiva, com um grande coração; Jubão, menino concentrado, estudioso, decidido, que gosta das coisas muito bem explicadas; Carretel, professor aplicado, que se importa muito em fazer com que seus alunos cheguem às suas próprias conclusões, característica que demanda muito mais tempo do que dispõem para colocar em prática suas idéias.
Quando percebemos que o resultado que estávamos obtendo estava ficando melhor a cada dia, foi que sentimos, em Deus, a vontade de ultrapassar os limites de nossa igreja local, chegando até onde o próprio Deus o levasse. Para isso, precisaríamos escolher um formato e um nome específico. Como gostamos muito de viajar, principalmente Eveline, pensamos em algo que sugerisse essa idéia, surgindo naturalmente a associação de viagem com histórias bíblicas. Começamos a fazer um exercício para criar um título que combinasse essas duas idéias: Viajando Pela Bíblia, o que nos pareceu muito literal e pouco criativo; passamos a fazer composição de palavra com as duas idéias: Bibliando, Biblijando, até que chegamos a Bibliajando. Em relação ao formato, decidimos, inicialmente, adotar o formato de revista em quadrinhos, acompanhada por um CD com a trilha sonora.
A partir daí começamos a produção em si. Eveline dedicada à produção do material gráfico e eu da trilha sonora. Perfeito! Veja você que chegamos a concluir essa idéia inicial, que aliás está disponível para ser baixada neste site. Contudo, tivemos tremenda dificuldade em conseguir quem reproduzisse e distribuísse na escala que imaginávamos ser razoável. Fomos a diversas editoras, que gostaram muito do material, porém, tiveram uma postura muito conservadora para o lançamento de um produto desconhecido, de custo relativamente elevado, cujos autores eram igualmente desconhecidos, sem nenhum portfólio que os credenciassem. Quando as portas pareciam se fechar, Deus nos deu uma forte injeção de animo e começamos a pensar em formatos alternativos. Tínhamos absoluta convicção de ser, o resultado do nosso trabalho, fruto da inspiração divina e plena certeza de ser da vontade de Deus, que este chegasse até uma infinidade de crianças que nunca teriam oportunidade de ouvir Sua palavra, a não ser através de um produto voltado para o entretenimento. Pensamos em algo com custo mais baixo de reprodução. Buscamos adaptar a revista em quadrinhos para o formato de e-book, mas a idéia foi perdendo força, à medida que percebíamos que os e-books que pegávamos como referência eram muito monótonos e tememos que acontecesse o mesmo com o Bibliajando. Foi aí que Deus extrapolou os limites do que imaginávamos possível fazer. Surgiu em nós uma vontade irresistível de fazer um desenho animado. O que? Desenho animado? Não tínhamos a mínima idéia de como fazer isso, nem por onde começar. Eveline começou a pesquisar o assunto pela internet e as coisas foram clareando, mas ainda fora de nossas possibilidades. Foi quando Deus, que nos colocou no coração o querer, como sempre, providenciou os meios para realizar. Fizemos contato com um rapaz extremamente talentoso, chamado Jairo Miguel, animador, que topou fazer a animação, por um valor bem abaixo praticado pelo mercado de animação, a título de utilizá-lo como portfólio. Hoje, que temos noção do que significa produzir um desenho animado, percebemos claramente que Jairo foi, na verdade, um anjo que Deus nos enviou para conseguirmos desenvolver o Bibliajando da forma na qual iria, de fato, cumprir o seu papel.

Heber Ribeiro
Alguns outros anjos foram sendo colocados por Deus em nosso caminho. Um deles foi o Heber Ribeiro, carinhosamente conhecido como Binho. Músico extremamente talentoso, que na época estava dando os primeiros passos como arranjador e produtor musical. Ele também encarou o projeto como uma experiência enriquecedora e se propôs a fazer os arranjos por um valor que poderíamos custear. Tínhamos então a animação e a trilha sonora em andamento.

Agora faltavam os locutores e cantores. Queríamos tornar o desenho o mais natural possível, por isso teríamos que utilizar vozes de adultos, para os personagens adultos e vozes de crianças, para os personagens infantis. Foi quando lembramos das filhas de um grande amigo, Josiel Oliveira, pastor congregacional. As meninas sempre tiveram muita facilidade de expressão e desenvoltura para representação. Procuramos os queridos Josiel e Mara, sua esposa, que de imediato aderiram ao projeto e não apenas permitiram a participação de suas filhas, como estimularam outras crianças de sua igreja a participarem também. Tínhamos então os locutores infantis e o coral de crianças que precisávamos. Para as vozes da Caroca e Jubão escalamos a Rebecca Oliveira e Bruno Costa, que se encaixaram perfeitamente aos personagens, ficando a narração com Sarah Oliveira, que também estava perfeita no papel.
Rebecca Oliveira

Bruno Costa
 Precisávamos ainda dos locutores adultos. Neste quesito, nosso maior desafio seria encontrar um locutor que pudesse traduzir bem a personalidade do Carretel, personagem inspirado em meu irmão Eliseu, pois este, apesar de nos ceder suas características, pasmem, quando fala nos passa a impressão de total tranquilidade, o que não corresponde com sua característica que queríamos destacar. Foi aí que surge o Fernando Brandão, carinhosamente conhecido como Fernandinho. Na época, um jovem, recém saído da adolescência. Inicialmente, chamamos Fernandinho para gravar o cavaquinho e o vilão na música “Samba do Adorador”. Porém, em um dia em que estávamos ensaiando os diálogos, pedimos a ele para que fizesse a voz do Carretel, somente para compor a narrativa. 
Paulo Nazareth
Quando ele começou a leitura, sua dicção, acentuação, até mesmo seus engasgos, combinaram perfeitamente com o personagem que imaginamos, ficando ele com o papel oficialmente. Para o papel de Deus, convidamos meu irmão Helieser. Sua voz barítono, associada à sua postura austera, também ficaram ideais para representar Deus. 
Quero destacar ainda a participação de Paulo Nazareth, nas músicas “Pecado” e “Eva”, juntamente com Suellen Targine e Larissa Cardoso, respectivamente. Paulinho, como o chamamos carinhosamente, começando a se descobrir como intérprete e compositor, também integrou o grupo, dando um ar de jovialidade ao projeto. Equipe completa. Mãos à obra.

Isabelle Drummond
 Só que Deus tinha ainda uma surpresinha pra gente. Nesta época fomos participar de um encontro de casais promovido pela Igreja Batista de Itaipú, onde conhecemos um casal de amigos, Fernando e Damir Drummond. Nossa amizade se firmou, começamos a nos encontrar regularmente, em reuniões com outros casais que também participaram do encontro, até que soubemos que eles eram pais de Isabelle Drummond, atriz, que na época representava a Emília do Sítio do Pica-pau Amarelo. Achamos isso muito legal e perguntamos se Isabelle gostaria de participar do Bibliajando. Tanto eles, quanto a própria Isabelle adoraram a idéia e ela acabou fazendo o papel da narradora da história. Apesar disso ter sido ótimo para o projeto, pois devido a sua experiência, Isabelle enriqueceu brilhantemente o projeto, confesso que a substituição de Sarah no papel da narradora nos deixou bastante avexados, para usar um termo bem brasileiro, pois ela estava, como disse, perfeita no papel. Sei que a participação de Isabelle foi ótima para o projeto, inclusive para sua promoção, mas a Sarah estava realmente brilhante. O que nos consolou, neste sentido, foi que a Sarah também teve grande participação, como corista e solista em algumas das músicas, com destaque para a música “Brilha a Estrelinha”, que ficou linda na sua voz.

Marcos Simas
Por fim, o último anjo que cruzou o nosso caminho foi o Marcos Simas, editor e consultor junto a diversas editoras. Profissional muito respeitado no seu ramo, que se revelou um grande amigo, ao nos encaminhar para a editora que ele julgava ser a mais indicada para o projeto. Nada menos que a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), nas pessoas do Dr. Rudi Zimmer (Secretário Executivo) e Erni Seibert (Secretário de Comunicação e Acão Social), que, por indicação do Marcos, nos receberam com toda cordialidade e atenção, conheceram o projeto e apostaram nele, submetendo-o ao conselho editorial da SBB, que o aprovou, indicando uma tiragem inicial de 5.000 (cinco mil) exemplares, o que se transformou, segundo informações que tive, em aproximadamente 20.000 (vinte mil) exemplares. Desta forma publicamos o primeiro volume da nossa obra. Aliás, obra do Senhor nosso Deus, que Ele nos incumbiu de fazer.

E assim tudo começou...




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